Master New Media publica uma tradução da carta “
Dear kids, you don´t have to go to College” de
Will Richardson, autor de Blogs,
Wikis,
Podcasts and Other Powerful Web
Tools for
Classrooms, onde fala sobre as razões e motivações que o levam a não forçar os seus filhos a irem para a universidade.
“Queridos
Tess e
Tucker,
Na maior parte das vossas jovens vidas, vocês devem ter ouvido ocasionalmente a vossa mãe e eu a conversar sobre o vosso futuro em que dizíamos que um dia vocês irão para fora, para frequentar uma universidade, de forma a obter esta coisa chamada licenciatura que depois servirá para mostrar a toda a gente que são entendidos em alguma coisa e que vos levará a conseguir um bom emprego, que vos fará felizes e capazes de criar uma família algures no futuro.
Pelo menos é o que a vossa mãe e eu temos em mente quando falamos há cerca disso.
Mas, ainda não disse isto à vossa mãe, mudei de ideias.
Eu quero que vocês saibam que, se vocês não quiserem, não têm de ir para a universidade e quero que saibam também, que existem outras avenidas que permitem alcançar esse futuro podendo ser mais instrutivas, mais significantes, que vos digam mais e sejam mais relevantes do que tirar uma licenciatura.
Deixem-me colocar as coisas desta forma (explicar-vos-
ei isto melhor quando forem mais velhos.)
a) Eu prometo apoiar-vos o maior tempo que puder na vossa jornada para aprender, tenha o aspecto que tiver.
b) Eu farei tudo o que puder para vos ajudar a encontrar e perseguir as vossas paixões quaisquer que sejam os meios que vocês decidam usar, o que irá permitir que vocês aprenderem o máximo que conseguirem.
c) Eu vou ajudar-vos a construir o vosso plano para obter as competências nessa paixão. Esse plano pode incluir diversas actividades e ambientes que sejam totalmente diferentes (e provavelmente bem mais baratos) do que a tradicional experiência universitária.
Alguns dos vossos planos podem incluir salas de aula, outros podem incluir formação ou certificação. Mas alguns podem também incluir aprender através de jogos vídeos
on-
line,
comunidades virtuais e
redes informais que ireis construir à volta dos vossos interesses, todos eles a encaminhar-vos na direcção das capacidades que desejarem obter. (Lembrem-me a dado momento para vos dizer o que um individuo chamado
George Siemens diz à cerca disto).
Durante este processo, irei ajudar-vos na criação do vosso
portfólio de aprendizagem, o artefacto que, quando chegar a altura, vocês irão partilhar com os vossos possíveis empregadores ou colaboradores para iniciarem a vossa vida profissional. (de facto, provavelmente, vocês irão encontrar estas pessoas como parte desse processo.)
Em vez do pedaço de papel na parede que diz que vocês são especialistas,
vocês terão um conjunto de experiências, reflexões e conversas que vos irão mostrar a vossa especialidade, mostrar-vos o que sabem, torna-lo transparente. Isso incluirá todo um trabalho e rede de aprendizagem para os quais vocês se irão virar ao logo do tempo, que irá evoluir enquanto vocês evoluem e afirmando-se como a vossa fonte de aprendizagem mais importante.
Eu sei, eu sei. Devem estar agora a pensar, “mas pai, não seria mais fácil ir para a universidade?” sim, deve ser. E dependendo do que acabarem por querer fazer a universidade pode ser a melhor resposta.
Mas pode não ser.
E quero lembrar-vos que, por experiência própria, todo o “aprender” que fiz em todas as aulas da universidade, aonde gastei o meu tempo, não chega perto ao que eu fiz por mim próprio pela simples razão de agora estar a aprender com pessoas que são tão (se não mais) apaixonadas pelo “saber” como eu.
O que eu quero para vocês é que se liguem a pessoas e ambientes aonde a vossa paixão encaixe, na expectativa que vocês aprendam em grupo e não sozinhos. Aonde vocês se sintam livres para criar o vosso próprio currículo, encontrar os vossos professores, e criar as vossas próprias avaliações quando elas forem relevantes. Aonde vocês tomem decisões (e os vossos professores vos guiem nessas decisões) sobre o que é relevante saber e o que não é, em vez de alguém decidir isso por vocês. Aonde, no final do dia,
vocês olhem para trás e descubram que a grande maioria do vosso esforço foi tempo bem gasto e não tempo desperdiçado.
Em muitos aspectos invejo-vos.
Eu penso no tempo que gastei a “aprender” coisas que não tinham nenhuma relevância para a minha vida profissional, simplesmente porque a tal era obrigado. Conhecimento esse que se tornou velho quase tão rapidamente quanto proferido pela boca do meu professor.
Eu penso sobre o quanto mais poderia ter conseguido nessas centenas e centenas de horas (e de dólares) que agora parecem deitadas fora porque não tive escolha.
Eu quero ter a certeza que vocês sabem que têm escolha.
Assim, quando a altura chegar, começaremos a conversar acerca dos caminhos que vocês pretenderão seguir e como podem segui-los.
A vossa mãe e eu temos expectativas altas e iremos fazer tudo o que pudermos para vos apoiar nas decisões que tomem.
Para terminar, a minha esperança é que aprendam isto por vós próprios e que agarrem as oportunidades que este novo mundo de aprendizagem e conhecimento vos oferece e que irão achar excitante e provocante como eu o achei.
Com amor, Pai.”
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